A escola brasileira DESPREPARA (e mata a criatividade)

Fiquei muito animada quando vi que a TV Cultura apresentaria mais um Café Filosófico sobre educação, com a psicóloga, filósofa e poeta Viviane Mosé. O programa foi apresentado esta semana, mas foi um "café requentado", réplica de outro já comentado no blog (clique aqui para ver o post e o vídeo).

Mesmo requentado, o programa, gravado em setembro de 2009, não perdeu a atualidade, ou melhor, continua "inédito", pois a sociedade parece não ter despertado para a importância do assunto.

Nossa escola é obsoleta, segue um modelo "militar" e "industrial", que se traduz inclusive nos próprios termos que a definem:
  • Nosso currículo é uma GRADE
  • Ele se desenvolve em SÉRIES
  • É fragmentado em DISCIPLINAS
Salvo raríssimas exceções,a escola pública brasileira parece uma prisão - seja no aspecto pedagógico, seja no físico - grades, correntes e cadeados são reais, começam na secretaria e tornam o ambiente inóspito e desagradável.

A escola foi programada para PRODUZIR indivíduos passivos, fisica e mentalmente, sem senso crítico, incapazes de compreender e questionar o mundo em que vivem, começando pela própria escola. 

O conhecimento é fragmentado e teórico, fornecido numa espécie de LINHA DE MONTAGEM, como algo a ser decorado e repetido, produzindo assim analfabetos funcionais em todas as matérias.

O professor, que também foi condicionado pelo mesmo sistema, "dá" suas aulas no piloto automático, se aborrece e muitas vezes se indigna com os possíveis questionamentos dos alunos.

Moral da história: a escola brasileira não prepara para absolutamente nada: nem para a vida, nem para o mercado de trabalho, nem para a cidadania e muito menos para o desenvolvimento da inteligência e do espírito democrático.

Salve-se quem puder: A ESCOLA BRASILEIRA DESPREPARA.

Isolado da vida e trancado entre quatro paredes, obrigado a ficar horas olhando para uma lousa ou um caderno, o aluno da escola pública brasileira tem dois caminhos: a submissão ou a evasão. A crise do Ensino Médio está aí para todos verem.  

A grande esperança vem da informática e da Internet, que têm justamente provocado questionamentos a respeito do sistema escolar e desencadeado conflitos dentro dele, por estar democratizando o conhecimento e contrariando o que a própria escola faz.

Mas não será adquirindo montanhas de tablets ou outras geringonças, que os problemas educacionais serão resolvidos. Alô, alô: Sr. Ministro: veja o vídeo do Movimento Coep clicando aqui!

O grande desafio da escola é voltar-se para a VIDA, estimular o ato de pensar, ver e ouvir. O professor precisa tornar-se alguém INTERESSADO e ABERTO para o conhecimento, do qual não é detentor. Esta é talvez a questão mais difícil! Quantas gerações serão necessárias para a escola brasileira sair da alienação?...

EM TEMPO: Leia o interessante artigo A escola mata a criatividade?, no jornal virtual espanhol La Vanguardia, clicando aqui. No final de semana, vamos traduzi-lo e publicá-lo para que todos possam compreender o texto.

Comentários

Glória disse…
Giulia, respondi para vc lá no meu blog, mas talvez não veja, é sobre o artigo na Folha "Um apartheid silencioso", copio aqui:

"no Brasil temos um enorme preconceito com o termo "privado" e adoramos falar em estatal de boca cheia. Primeiramente que no texto ele fala de parceria e segundo que o governo é péssimo gestor para os usuários do serviço público, excelente para os funcionários e é isso que alimenta o preconceito. É claro que a grande massa burguesa quer manter o governo como gestor, imaginem serem fiscalizados por qualquer iniciativa privada. Como finaliza o texto:temos de revisar velhos conceitos."