A escola que deseduca XI - Cortina de fumaça sobre o bullying docente


Toda a discussão da sociedade brasileira sobre o bullying ainda não chegou nem perto do âmago da questão: é na escola que crianças e adolescentes mais praticam o bullying e para isso eles contam com o exemplo de seus... "docentes".

Se fosse feita uma pesquisa honesta na sociedade, ficaria patente que os alunos estão à vontade para praticar o bullying na escola, seguindo o exemplo desses "docentes". Bastaria perguntar-lhes se já sofreram bullying por parte de algum profissional: o resultado seria surpreendente!

Em toda escola existem pelo menos uma ou várias dessas "laranjas podres" que contaminam o ambiente escolar. Na rede particular, esses profissionais ficam menos à vontade, mas na pública deitam e rolam. O caso que sempre "comemoramos" aqui é do professor que xingou aluno de "bicha" na EE Octacílio de Carvalho Lopes e foi promovido a coordenador "pedagógico" em outra escola. Leia clicando aqui o texto Homofobia premiada, onde reproduzimos documento oficial da SEE alegando que não se trata de xingação, mas de expressão carinhosa, rsrs. Diante de tamanho cinismo da Secretaria, que até hoje não se dispôs a mudar seu pronunciamento, esse continua para nós o símbolo do bullying docente, embora ocorram comportamentos muito mais graves por parte de profissionais da "educação". Leia mais alguns textos, clicando no título de cada um: O aprendizado do bullying, Apagador na cabeça do aluno e Livradas e reguadas em alunos.

Por enquanto, nas escolas brasileiras, o "tratamento" do bullying se resume à expulsão dos alunos que apresentam esse comportamento, sem se questionar o exemplo "docente".

Nos EUA, onde o assunto é levado a sério, percebem que o buraco é mais embaixo. Leiam esse trecho de entrevista concedida à VEJA pela especialista Marlene Snyder:

Em nosso programa de combate ao bullying não rotulamos ninguém. Isso porque existem oito diferentes papéis que uma pessoa pode desempenhar durante uma situação de bullying. Existe quem pratica, quem se mantém passivo, quem incentiva ações negativas mas não participa delas, e assim por diante. Por isso, em cada contexto, uma pessoa pode assumir um papel distinto. A solução é trabalhar com cada situação particular e analisar se existe um padrão de conduta que se repete. A partir daí, desenvolvemos atividades que possam reverter esse comportamento. Mas trabalhamos com esse aluno dentro da escola. Ao contrário do que muitos pensam, expulsá-lo é contra-producente. Se o expulsamos, para onde ele vai? Ele vai para a rua e aprende coisas ainda piores. Então, trabalhamos muito próximos a ele, oferecendo subsídios e possibilitando mudanças.

Aqui no Brasil, principalmente no Estado de São Paulo, a expulsão é "legitimada" por qualquer motivo fútil e mais ainda por questão de bullying, agora tão em voga. Fique claro que não defendemos o bullying praticado por parte de aluno algum, nem justificamos esse comportamento sob o pretexto do exemplo "docente". Estamos porém cansados de receber mensagens diárias de abuso moral, maus tratos, perseguições, represálias e outros atos covardes praticados por profissionais da "educação" contra alunos que eles deveriam proteger. A sociedade precisa se conscientizar do bullying docente e perceber as manobras dos sindicatos da classe: toda vez que um aluno se atreve a torcer um cabelo de algum profissional, a mídia complacente divulga esse fato como monstruosidade, jogando uma cortina de fumaça sobre o grave fenômeno do bullying docente nas escolas públicas brasileiras.

Educa-se... ou deseduca-se pelo exemplo e, na escola, tudo é questão pedagógica! Ou ainda vão continuar papagueando o "mantra" dos sindicatos da classe: "A educação vem de casa"?

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