O sistema que "eles" não usam


Eu tenho sido acusada de ser “preconceituosa” por entender que a classe média brasileira – principalmente a classe docente e a política – deveria matricular seus filhos na rede pública de ensino. O argumento levantado contra a minha idéia é de que “todo mundo tem o direito de escolher a escola dos filhos”. (Até parece que a maioria das pessoas tem esse “dom”, rsrs! Vá lá no blog da Rosely Sayão http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/ e leia os comentários dos leitores, para sentir o drama... Mas, se você tiver preguiça, fique por aqui mesmo e leia o post de ontem, Pública ou particular, barco à deriva.)

Mas fico feliz porque “alguém” traduziu meu pensamento, rsrs!
Nossa amiga Caroline, essa incansável batalhadora do site PaisOnline, nos enviou o texto abaixo, que ela própria traduziu do site http://www.braudel.org.br/ (Newsletter Thinking Brazil nr. 25). Trata-se do depoimento de Jeffrey Puryear, diretor da Parceria pela Revitalização Educacional nas Américas, durante um encontro realizado pelo Instituto Woodrow Wilson sobre a política educacional brasileira.
Igualzinho ao que penso!
Obrigada, Caroline, por sua presença sempre tão atuante em nosso meio, por sua paciência em escarafunchar documentos reveladores e, principalmente, por manter o site mais bem estruturado e informativo para os pais da rede pública de ensino, http://paisonline.homestead.com/index.html!

Lá vai a tradução da Caroline:

Puryear sustenta que a reforma educacional não se torna realidade porque a exigência efetiva por uma melhor educação no Brasil é mínima. As pessoas que têm o dinheiro e o poder necessários para influenciar as políticas educacionais não têm nenhum interesse em reformar um sistema que elas próprias não usam. Sem a existência de um grupo social bastante forte pressionando por mudanças, o sistema fica refém dos grupos de interesse que controlam a oferta, como os sindicatos dos professores, o funcionalismo público em geral e, no caso do ensino superior, as próprias universidades. Desse modo, Puryear acredita que, se a qualidade da procura pela educação não melhorar, é pouco provável que haverá qualquer melhora significativa na qualidade da oferta da educação.
Quero apenas complementar com um pequeno comentário, já respondendo à questão que certamente vai surgir: Por que os próprios usuários da rede pública não exigem melhorias na educação? Porque, como já cansamos de repetir aqui - aliás esse é praticamente o tema principal deste blog - o autoritarismo do sistema se vale de uma estratégia infalível para tapar a boca dos pais de alunos: as perseguições e represálias contra os filhos! Por "autoritarismo do sistema" entenda-se o domínio da corporação sobre a escola...

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