Vergonhoso número de aulas vagas!

E não é que temos um aliado de peso contra a aula vaga logo no início do ano letivo! OBA!
Os professores no orkut já estão fazendo a caveira dele! rs
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=46367&tid=2515463769363034190&na=3&nst=11&nid=46367-2515463769363034190-2515702831537347771
Os números são assustadores e eles insistem em por a culpa no Dimenstein... É no mínimo rídiculo!...Que não somos capazes de nos meter na pedagogia e didática poderiam alguns tolos até engolir... Mas que não possamos reclamar que faltem ao trabalho é demais ...
E pensar que muitas das faltas ainda são encobertas pela direção e abonadas...
Acho que eles não têm mesmo vergonha de nada...
Será que eles se acham mesmo no direito de ser uma classe trabalhadora acima da fiscalização... acima do comparecimento...
Nenhumzinho comentou ou questionou se realmente não tem gente exagerando...
Aí vai o artigo do
GILBERTO DIMENSTEIN
A lição das faltas premiadas
--------------------------------------------------------------------------------
A rede de ensino da
cidade de São Paulo está quase em último lugar em qualidade de ensino em relação às demais
--------------------------------------------------------------------------------
DEPOIS DO mestrado em gestão pública na Fundação Getúlio Vargas, o administrador de empresas Alexandre Schneider planejava coroar sua vida acadêmica com um doutorado. Ao rabiscar ontem à tarde, numa folha solta, um amontoado de números, ele dizia, em tom meio de brincadeira e meio sério, que estava prestes a abandonar seu projeto. "Não sei se vou aprender mais numa sala de aula do que estou aprendendo na realidade sobre os labirintos da administração pública." No papel, estava escrito "629 mil faltas". "É inacreditável", disse. Com o diploma da graduação, ele conseguiu atingir o sonho da maioria de seus colegas: um emprego numa grande empresa. Trabalhava num banco de investimentos em parceria com empresas alemãs, onde quase tudo funcionava com extremo rigor e pontualidade. Até que, por causa de seu interesse em gestão pública, envolveu-se com projetos de melhoria de eficiência de governos e tornou-se, no ano passado, secretário de Educação do município de São Paulo. "Começou aí minha grande aula, superior a qualquer doutorado em administração pública." Entre as lições estão as contas que ele fazia ontem sobre o número de faltas dos professores; em 2005 e 2006, foram, respectivamente, 629 mil e cerca de 500 mil (os números ainda estão em fase de contagem final). Para cada ausência, some-se no mínimo três aulas. Isso causa transtornos imensos numa rede com 1.200 escolas, 1 milhão de alunos e 50 mil professores. No seu aprendizado, ele viu que o professor tem direito a deixar de ir à escola dez vezes por ano sem dar nenhuma explicação, além das faltas "justificáveis" e das licenças médicas. Anualmente, 3.000 professores e diretores mudam de escola.
A maioria das escolas tem três turnos diurnos e não se tem claro o que ensinar
em cada ano. A rede de ensino da cidade de São Paulo está quase em último lugar em qualidade de ensino em relação às demais; está abaixo, por exemplo, da maioria das capitais nordestinas.Um detalhe é que, apesar dessa pontuação, os professores têm direito a uma "gratificação de desempenho", cujo único critério é o da assiduidade. Nesse doutorado na prática, Schneider ficou sabendo que, no final do ano passado, todos os professores foram premiados com a gratificação por desempenho - mesmo aqueles que ajudaram a compor as 500 mil faltas, o que significa a ausência em 1,5 milhão de aulas. "Duvido que qualquer curso teórico me explicasse como chegamos a tal situação." PS- Ele está redigindo decreto para que só os professores assíduos ganhem a gratificação por assiduidade. A previsível reação a essa medida será mais uma aula - ainda mais se sua intenção não conseguir sair do papel. gdimen@uol.com

Comentários

@David_Nobrega disse…
Giulia,

Estava na maldita fila de banco ontem. Mesmo assim, me dou todo conforto possível, em pá: mp3 no ouvido, livro na mão e nem aí para nada em volta.
Atrás de mim, duas "professoras" estavam discutindo sobre a dotação de aulas das escolas estaduais. Nem com o mp3 a toda deixei de ouvir, então, pensando em vossa senhoria, desliguei o bichinho para melhor voyerizar a conversa:
Uma: Você viu aonde fui JOGADA? Lá na Escola tal. Eu acho que vou começar a pegar atestados logo no primeiro dia de aula...
Outra:Ah. Eu não fui. Vou dar aulas no (escola particular) e no (outra escola particular). Estou sobrecarregada já.
Uma: Como você conseguiu isso, menina?!?!?!
Outra: Fiz curso de especialização e estou fazendo mestrado. Surgiu a oportunidade, com salário melhor. pelo menos não tenho que aguentar mais esse bando de deliquentes!
Uma: Se eu soubesse!
Outra: Você quer o telefone de um médico amigo meu? Ele te afasta e você recebe do mesmo jeito.

Etc, etc, etc.

Acabei entrando na conversa. Não dava para segurar mais.

Eu para a Outra (que eu conhecia de vista, do tempo que tinha bar): Oi! faz tempo que não te encontro. E quando encontro, vejo que está melhor de emprego.
Outra: Nem me fale!
Uma (entrando na conversa sem ser chamada): E eu aqui, tendo que aguentar um bando de pivetes, lá no (Repete o nome da Escola). Nem o diretor de lá aguenta mais. E o pior é que ele pega no pé da gente, porque acredita que tem jeito!
Eu: Mas se você não está feliz, porque não muda de profissão?
uma: PORQUE SE EU MUDAR AGORA PERCO CINCO ANOS DE ESTADO! Fácil é falar, mas não dá. Mas ano que vem, quem sabe.

Paguei minhas contas e fui embora. Sem não antes dar mais uma cutucadinha:
- Em quem você votou,se me permite saber?
Uma:No Lula, claro! Ou vai me dizer que você não vê o que ele tem feito pela gente?

...
Giulia disse…
Muito bom, David, um belo testemunho! As pessoas precisam ficar de ouvidos ligados nessas conversinhas, pois quando a gente conta ninguém acredita...
Essas "professorinhas" poderiam ter votado em quem quisessem, mas nada apagaria sua má fé. Aliás, a rede estadual de Sampa está nas mãos de quem?... Vamos ver como é que o novo governador se coloca com respeito ao "início" das aulas no Brasílio Machado. Mas é claro que as aulas não começaram em nenhuma escola do Estado, pois a rede se encontra na "alta temporada" de aulas vagas, que vai diminuir somente após o Carnaval, olé, olé, olá!
Vera Vaz disse…
Falando em especialização e juntando com o que li hoje em artigo enviado pela Cremilda que fala da intenção do presidente de melhorar a educação através da reciclagem dos professores vale dar um olhada lá nos tópicos do orkut onde eles comentam o que acham dos cursos que vem sendo ministrados com esse fim... Eles não querem curso...eles não querem se incomodar...eles não acham que o problema seja eles... (ou deles...) Aliás eu penso que nem percebem que quando falamos de Educação estamos falando deles... E que quando falamos que a Educação é ruim é das aulas deles que estamos falando... A única palavra que consideram unanimemente é SALÁRIO...
AH!desculpe tem BÔNUS também...
Anônimo disse…
Çesçesqueçêram quando eu propúiz a escólia que os própios alúnios pudia trocá o profeçôrio? Não quizeram Seu Creysson no govêrnio, azário de voçêizes!

Porgrama de Ensínio Itinerântico, Interurbânico, Interestaduálico e Interamericânico do Seu Creysson:

Todo pédrio escolárico vai sê derrubádio, não vai fica pédria sôbre pédria. Xêga de ciépio, ciáquio, ciéuzio! No lugário da escólia xata, parádia, caretcha, eu vô colocá a escólia itinerântica, a escólia de rodínias, como mutcho educadôrio já pidiu e nunca um govêrnio deu!
Vai xamá TRÊILER PEDOFILÓGICO do Seu Creysson. Cada trêiler, uma craçe. Cada dia útiu, um paçeio diferêntio. Cada craçe de alúnio vai deçidí o rotêrio, com ou çem profeçôrio. Pode trocá o profeçôrio no meio do paçeio por brinquêdio, pulsêria, aneuzínio, bomba de xocolátio, pé-de-moléquio, pé-de-pátio, isquêitis, gibí, barálio, bolínia de gúdio, canivétio suíçio...
Ricardo Rayol disse…
Meu Deus.. o mais bizarro é o papo que o david presenciou... cambada.
Anônimo disse…
Sou professora da rede publica de ensino e me sinto muito triste com a visão deturpada que se tem do professor hoje. O artigo de Gilberto Dimenstein só vem reforçar a idéia de que professor da rede pública é folgado, oportunista, assim como os comentários desse blog.
Antes de qualquer coisa, gostaria de prestar um esclarecimento: as
faltas abonadas seguem uma legislação específica, e não necessariamente são
"sem dar nenhuma explicação". O diretor, se quiser e achar necessário, pode
muito bem não abonar essas faltas.
Além disso, talvez fosse necessário, além de um mero levantamento numérico,
uma análise mais aprofundada do motivo real dessas faltas abonadas. Será que
uma pesquisa foi feita para saber por que os professores faltam tanto? Se há
pessoas que abusam de seus direitos, acredito que não é apenas na área da
educação.Aliás, todo servidor público municipal tem direito às faltas abonadas. Por que o ataque apenas aos professores?
Posso garantir que casos como esses da "conversa da fila de banco" são infelizes exceções, perto de um grande
contingente de professores que são verdadeiros profissionais, que lutam
diariamente para conseguir atingir um mínimo de aprendizado dentro de uma
sala de aula de 40, 45 alunos.
Acredito que hoje o grande problema dos profissionais da educação é a
questão da sobrecarga de trabalho, já que devido aos baixos salários, são
obrigados a trabalhar em duas ou três escolas. O que esperar de um
trabalhador que se submete a uma jornada de 12 a 14 horas por dia? Além da
quantidade, há também o fator qualidade: mesmo que o professor se desdobre,
se esforce ao máximo, dificilmente consegue atingir seus objetivos diante de
salas superlotadas, com alunos heterogêneos, muitas vezes com problemas
psicológicos e afetivos, aos quais o professor não se sente preparado para
lidar em seu dia a dia. Através de uma política de inclusão,os alunos
“incluídos”, na verdade, são excluídos por um sistema que não fornece
recursos pedagógicos nem subsídios para tratar dessa questão.
Eu, que possuo dois cargos públicos, trabalho das 7:00 às 20:30 da noite. Eu trabalho desde os 14 anos de idade, já fiz de tudo nessa vida. Inclusive, já trabalhei durante seis anos no Mc Donald´s.
Posso garantir a vocês: nunca trabalhei tanto em toda minha vida.
Não vou dizer que estou me queixando, pois apesar de me sentir estafada, me sinto realizada, pois faço o que mais amo...Eu adoro dar aulas!!!! E nenhum comentário generalizante ou depreciativo vai me tirar esse prazer...
Minhas abonadas, na grande maioria das vezes são por dois motivos básicos:
saúde e cumprimento de prazos. Sim, porque além do trabalho em sala de aula,
o professor deve arcar com um trabalho paralelo, de planejamento, produção
de atividades, correção, sem contar o trabalho burocrático de fechamento de
notas, tarjetas, preenchimento de relatórios e papeladas. (aliás, me
pergunto seriamente sobre a verdadeira necessidade desses papéis...)
No meu caso, abracei o trabalho na escola pública por pura paixão e
idealismo. Larguei a rede privada porque realmente acreditava na educação, e
ainda acredito. Mesmo sendo bombardeada de críticas constantemente pela
sociedade que, incentivada pela mídia, sempre se apressa em apontar culpados
quando as coisas estão ruins, ainda amo minha profissão e vou continuar
trabalhando pelo que realmente acho que vale a pena: o aprendizado e
crescimento de meus alunos.
Acredito que não faço parte da exceção, e sim da regra. Em
meus quase seis anos de prefeitura, conheci excelentes profissionais e
verdadeiros talentos.
Não acredito que um amontoado de números e papéís tragam um verdadeiro
aprendizado.. Para mim, o verdadeiro aprendizado está no contato diário com
o "material humano". Nada mais gratificante do que presenciar o
desenvolvimento de um ser humano, mesmo que lento e gradual. Mesmo que não
se atinjam todos os objetivos numéricos, burocráticos e administrativos.
Giulia disse…
Valéria, gostei do seu depoimento, sensível e sincero. Você é uma professora a quem eu confiaria meus filhos. Mas a sua afirmação de que a maioria dos professores são verdadeiros profissionais não confere com o que vivenciamos na rede pública. Na particular eles são obrigados a andar na linha, pois temem perder a bolsa para os próprios filhos... E falam isso na cara dos nossos: “Aqui eu falto, chego atrasado mesmo, lá na particular não posso.”
Hoje na comunidade “Educação” do Orkut um professor falou com toda clareza: na rede pública ele utiliza o grito como elemento “pedagógico”, mas frisa que nunca tomaria essa atitude na rede particular. Não mesmo, senão estaria na rua no dia seguinte!
A conversa que o David ouviu na fila do banco só é incomum por ter sido flagrada em local público. Geralmente, acontece na sala dos professores (durante meus tempos de APM e Conselho de Escola tive oportunidade de presenciar diversas conversas desse tipo), nos corredores e até na sala da diretoria.
O que você diz, de que os diretores podem deixar de abonar as faltas, nunca vimos acontecer. Ao contrário, o ano inteiro é um festival de AULAS VAGAS. O caso mais interessante foi uma professora que chamou a classe inteira de “merda”: fomos à diretoria pedir que a fizessem retratar-se diante dos alunos, mas a primeira reação da diretora foi a seguinte: “Coitada! Deve estar muito esgotada: vou encaminhá-la para receber uma semana de licença”... Se porém um aluno revidar, chamam a polícia na escola, como faz o professor do Orkut de quem falei acima.
Valéria, percebo que você é exceção, não a regra. Não queira carregar nas costas as mazelas de uma corporação que todo ano mostra seu atestado de incompetência e descompromisso. Temos o máximo respeito pelos bons profissionais. Eles existem e você é prova disso.
Por que cobramos a falta dos professores e não dos demais funcionários públicos? Isso é pertinente, mas dentro de um sistema político corrupto como este, qual é o deputado que vai ter a coragem de lançar um projeto de lei para reduzir as faltas do funcionalismo?... Alô, alô, Fernando Gabeira!
Independentemente disso, falemos francamente, Valéria: qual outra classe tem férias duas vezes ao ano?...
Anônimo disse…
Giulia, concordo em grande parte com o que diz, especialmente sua indignação diante do fenômeno "aula vaga". Não são apenas os alunos que sofrem com esse sistema, mas os funcionários e professores também, já que nos dias em que há muita aula vaga a indisciplina cresce assustadoramente. Além disso, existe o fenômeno de "subir aula" que, apesar de trazer um alívio momentâneo ao professor (especialmente em dias que o professor chega a acumular até 12 aulas), trazem transtornos e pura enganação, já que é impossível dar aulas decentes, ao mesmo tempo, em duas salas (já é difícil em uma!).
Concordo também com o depoimento de que muitos professores abusam e são extremamente agressivos com os alunos. Porém, a recíproca também é verdadeira:os alunos, muitas vezes, são extremamente agressivos com os professores. Perto da escola onde trabalho, uma professora chegou a ser espancada por um aluno sob efeito de drogas.
Todos os dias, convivemos com todo tipo de aluno, e muitos professores, infelizmente, caem no erro da generalização (assim como os depoimentos desse blog): isso provoca um terrível ciclo de violência. O que vemos hoje é a escola pública em constante pé de guerra: de um lado, professores esgotados e traumatizados por constantes ofensas e agressões (se tornando, muitas vezes, arredios e agressivos); do outro, alunos enfadados por aulas muitas vezes desinteressantes, incentivados pelo sistema das aulas vagas, descontando sua agressividade nos professores.
Quantas vezes, todos os dias, escuto de um ou outro aluno: "por que a senhora não falta?" No ano passado, precisei tirar uma falta abonada e, como sempre, avisei os alunos que iria faltar. Levei uma "bronca" da direção, pois os alunos quase "mataram" o professor substituto, já que os alunos queriam de qualquer forma aula vaga!
Quanto à questão do "grito", me desculpe, mas não concordo. Ministrei aulas na rede particular durante alguns anos e, algumas vezes, tive que recorrer à tática do "grito", pois acredito que isso às vezes, é necessário. Não ficar berrando o tempo todo, mas, de vez em quando, é difícil segurar uma turma numerosa! Aliás, nunca fui demitida nem muito menos advertida por isso!
Quer saber o que acho? As coisas estão muito difíceis para todos nós. Ao invés de insistir em apontar culpados (professores culpando a família, família culpando professores), devíamos nos unir para fazer algo de mais concreto!!
É simples assim: deve-se proporcionar ao professor condições para que ele possa trabalhar em apenas uma escola (e assim, dedicar-se verdadeiramente a ela), em uma jornada de trabalho mais humana, de 8 ou até 10 horas, pelo menos, com um salário digno!
Na verdade, hoje, para melhorar um pouco a qualidade da aula, o professor tem que pagar. Gasto cerca de 70 reais de xerox por mês para os alunos. Além disso, gastei cerca de 180 reais na aquisição de um mini microfone, já que tenho até um cisto nas cordas vocais.
Para finalizar: deve-se melhorar as condições de trabalho e aprendizado na rede pública. Cobrar melhorias, não procurar culpados.
Na escola municipal em que trabalho , na periferia da zona sul, existem profissionais até muito mais dedicados do que eu! Pode ter certeza disso!
Giulia disse…
Valéria, já subi em carro de som de professor e me arrependi amargamente. A corporação não joga limpo e é isso que estou colocando. Ninguém aqui quer o "extermínio" dos professores, como as lamúrias da classe parecem insinuar. Gostaríamos que cada professor se colocasse como profissional e não como representante de uma classe "coitadinha, sacrificada e mártir". Veja no site PaisOnline (o link está na barra vertical) todas as verbas que as escolas recebem diretamente e cobre da direção da sua. Não há motivo de o professor gastar dinheiro do seu bolso pra comprar papel. O que eu sempre vi na escola dos meus filhos (e em outras) são diretores ausentes e administrações sem qualquer transparência. E também nunca vi professor se queixar disso junto à instância "competente", que é a direção da escola, que por sua vez deveria cobrar da diretoria de ensino, que por sua vez deveria cobrar da secretaria da educação. Por que não? Porque ficar só na lamúria? Ou usar os pais como escudo?
Quanto à agressividade dos alunos, sempre fico espantada com a tendência de adultos não perceberem que são eles que precisam dar o exemplo e não vice-versa. Quando uma professora "desabafou" para a classe: "Não dou mais aula para cavalo!", um aluno respondeu: "Cavalo é a mãe!". Só o aluno foi punido. Porque será?...
Anônimo disse…
Bem, giulia, ao contrario do que possa estar pensando, nao estou aqui para me lamuriar, muito pelo contrario. Torno a repetir: estou debatendo o assunto e participando dessa discussao porque acredito no que faco.
Mas, infelizmente, nao podemos tapar o sol com a peneira: estou apontando uma realidade que nao considero justa!!
E verdade que o professor deve dar exemplo, e quero deixar bem claro que nao compartilho do ciclo de violencia que a escola promove hoje! Porem, da mesma forma que na escola publica ha alunos brilhantes , talentosos e com vontade de aprender, ha tambem outros que trazem um historico de violencia e traumas muito serios, e é muito dificil lidar com isso! Há alunos que tem historia no crime, envolvimento com trafico, e sao bastante ameacadores!
Ano passado tive que ministrar aulas em uma classe muito diversificada: eram agitados, espertos, indisclipinados mas inteligentes! Porém, havia um grupo de alunos com histórico criminoso, e tive bastante dificuldade para lidar com eles, mesmo mantendo um bom relacionamento!
Os proprios alunos, no final do ano, em uma auto avaliacao, repudiaram diversas atitudes agressivas desse grupo!
Muitas vezes, a direcao se ve de maos atadas, pois convida o aluno a se retirar da escola, e novamente ele retorna, pois recorre a outras instancias.
Voce cobra uma atitude mais adulta dos professores... Porem, em minha escola, ha pais que agridem professores e funcionarios. O que voce me diz disso (desculpe a falta de acentos e pontuaçao, estou com um probleminha em meu teclado).
Giulia, novamente torno a dizer: nao deviamos apenas apontar culpados, mas sim procurar solucoes.
Para que a falta abonada nao seja o unico e duvidoso direito do professor, e preciso lutar para que a ¨classe¨ tenha condicoes dignas de trabalho.
Nao acho, Giulia, que esse tipo de luta seja apenas papel do professor. E como digo para meus alunos: a escola e de todos nos, e publica mas muito bem paga pela sociedade, atraves dos impostos.
Voce esta fazendo sua parte, exigindo melhorias! Apenas nao acredito que ¨culpar¨ pessoas seja o melhor caminho!
Giulia disse…
Olha, Valéria, eu entendo do que você fala. Vivemos numa sociedade dividida, infelizmente o Brasil ainda não é uma Nação... Eu não vou "passar a mão na cabeça" dos alunos violentos ou envolvidos com drogas, como já fui acusada. Mas existem algumas escolas que conseguem minimizar esses problemas, dando um exemplo de generosidade e coragem, como o Rosanova (dê uma olhada no link, aí na barra vertical).
A violência e o tráfico de drogas tornaram-se uma realidade difícil de controlar nos centros urbanos e eu me pergunto quantos usuários (sem os quais o tráfico não existiria...) se sentem responsáveis por isso, entre eles muitos "respeitáveis" empresários, profissionais liberais, jornalistas, políticos... Mas, dentro de uma escola com dois mil alunos, quantos estão efetivamente envolvidos no crime? Muitas vezes o que existe é uma generalização, e bons alunos, até trabalhadores, são chamados de "vagabundos", como o caso que relatamos no post "Primeira vitória do ano!", de 03/01.
Quanto ao nosso trabalho, vai muito além de cobrar. Aqui recebemos as mensagens de pais e alunos, damos orientação e informação, de acordo com a nossa experiência e os estudos que fazemos da legislação. Também encaminhamos os assuntos para as autoridades e publicamos os documentos no blog, preservando o nome dos interessados, a fim de que outros pais e alunos aprendam os argumentos e os procedimentos corretos para enfrentar os problemas. É muito gratificante ver uma mãe, desesperada porque o filho vai ser expulso, tomar a coragem de enfrentar um dirigente de ensino com a cabeça erguida, após ter sido repetidamente humilhada pela direção da escola.
De qualquer forma, entendemos que a responsabilidade final é sempre das instâncias maiores - Secretarias da Educação, Diretorias de Ensino etc. - pois, se existem abusos nas escolas, esses ocorrem por falta de orientação e fiscalização desses profissionais, que deveriam ser os educadores mais capacitados e responsáveis. Por isso, mais uma vez eu acho que você não deveria tomar para si as dores de toda uma classe... De qualquer forma, obrigada pelo debate de alto nível!