Escola pública de Leopoldina expulsa aluno

Posto aqui denúncia feita por Gloria no blog http://leopoldina.zip.net/ pois o fato me deixou realmente indignada.
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Escola pública de Leopoldina expulsa aluno

"Os métodos usados para excluir os alunos pobres das escolas públicas fariam Maquiavel corar de vergonha" (Cremilda Teixeira)

O que aconteceu com o aluno L.W, de 12 anos, na Escola Municipal Osmar Lacerda França, é um exemplo típico de como a escola pública expulsa nossas crianças pobres. É da maneira mais sórdida possível: legalmente.
L.W. é uma criança lenta, e devido ao seu jeito de ser, anda também devagar. Devido a isso e outros fatores que acontecem com as crianças pobres (como não ter um despertador em casa, sair de casa sem café da manhã, não ter um adulto em casa pois saem para trabalhar) ele chegava atrasado na escola. A diretora não deixava entrar, mandava embora para a rua.
Entrei em contato com a diretora e expus várias razões pelas quais ela não podia fazer isso com o aluno:
1- Se ela não deixa o menino entrar, ele vai para a rua.
2- A escola não pertence a ela, diretora, e sim ao povo (é o povo que paga o salário dela e das professoras) portanto ela não pode impedir o menino de entrar na casa dele. Perguntei se ela deixava o filho dela na rua se ele chegasse atrasado em casa, ela disse que não.
3- Ela, como pessoa formada para a profissão e atuando numa área de pobreza, teria de ter consciência das dificuldades inerentes à situação dessas crianças, que não têm as facilidades que nossos filhos têm.
4- Em vez de "mandar o menino embora" ela deveria conversar e orientar a criança, procurar saber da sua vida, as razões pelas quais ele vem chegando atrasado e atuar para superar o "problema".
5- E por fim que o problema maior não é o aluno chegar atrasado, mas sim ele ir embora da escola.

Com a empáfia característica das pessoas que exercem qualquer cargo público em nosso país, ela respondeu que "essa era a ORDEM da escola e que dava, sim, ordem para o porteiro fazer voltar do portão quem chegasse atrasado e que continuaria a fazê-lo pois estava implantando um "projeto de qualidade" na escola. Tentei argumentar de todas as formas, mas sem êxito. Conhecem aquele ditado "Só poste e mula é que não mudam de posição", pois é, esqueceram de acrescentar diretor de escola.
Por fim, achando que poderia ser a única chance de salvar mais um menino da rua, eu disse que iria ao Promotor de Justiça se ela continuasse a mandá-lo embora da escola.
E fiquei ingenuamente tranquila achando que pelo menos ela respeitaria a autoridade de um Promotor Público.
Ledo engano! A diretora tratou de legalizar a expulsão. Daí a uns dias chamou a mãe para assinar dois "documentos" (elas adoram papéis), um de que a mãe era comunicada de que o aluno chegava atrasado (a mãe assinando, torna a escola isenta do crime) e o outro "documento" comunicando a entrega do menino ao Conselho Tulelar. E assim, como Pilatos, ela lava as mãos. Não é genial? Não faria Maquiavel corar de vergonha?

Caro Leopoldinense, todas as vezes que vir uma criança nas ruas de Leopoldina, ou mesmo um jovem em nossas prisões, saibam que por trás deles tem uma atitude maquiavélica de nossa escola pública, que de pública só tem o nome.

Nota: Esse é apenas um fato entre inúmeros que acontecem em nossas escolas públicas, excluindo nossas crianças pobres, negando-lhes o direito garantido na Constituição Federal de acesso à educação. Talvez estejam pensando: por que não comunica às autoridades competentes, como a Secretária de Educação, Prefeito, ao Promotor, ao Juiz? Já o fiz muitas vezes. Mas conhecem a história da pizza? Pois é, não acontece só em Brasília. O que vale sempre é a palavra da escola e o que está no papel. A vida da criança não vale nada. Em nosso centro da Pastoral do Menor, temos várias crianças e adolescentes fora da escola, todas com causas "maquiavélicas", invencíveis, intransponíveis, seculares. Ninguém se importa! Não são nossos filhos...

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