A escola tabu nº 40 - Terceira mensagem da mãe do aluno expulso


Ó senhor presidente, ó senhor ministro, escuta: o menino foi à escola e escreveu a sua mãe: estou desesperado. Escuta quem tenha ouvidos: os meninos do Brasil fenecem entre retórica, montanhas de papel e medo. Entre ladrões, como Cristo na cruz.

Adélia Prado, do livro Solte os cachorros

Esse fragmento de texto de Adélia Prado reflete bem o tipo de mensagens e apelos que recebemos dos pais e alunos da rede pública, há mais de vinte anos. Infelizmente, o Brasil está dividido: de um lado os formadores de opinião, cerca de 14% da população, com seus filhos na rede particular de ensino, do outro o assim chamado "povo", cerca de 86%, com seus filhos na rede pública. Já cansamos de falar aqui que não fazemos a apologia da escola particular, de modo geral tão ruim quanto a pública, mas podemos afirmar que é mais difícil a ocorrência de situações extremas, conforme relatos dos pais e alunos que nos procuram. Além disso, os formadores de opinião, inclusive e principalmente os jornalistas, tendem a duvidar da veracidade dos casos aqui publicados, fazendo o jogo das autoridades, que se fingem de cegas, surdas e mudas... Por essa razão, acreditamos que o Brasil só poderá se tornar uma grande nação quando todos os seus filhos estiverem sentados nos mesmos bancos escolares, acabando com esse apartheid que permite a perpetuação do preconceito e da injustiça social.

Se você tiver acompanhado a saga dessa mãe que já nos escreveu duas vezes pedindo ajuda para garantir a rematrícula do filho, expulso da escola devido a excesso de faltas por doença, saiba que recebemos nova mensagem, da qual deprendemos duas coisas:

  1. As autoridades que procuramos para solucionar o problema ainda não tomaram as devidas providências.
  2. O nível de perseguição e represálias contra esse aluno chegou a um ponto tal, que dificilmente será possível a permanência dele na mesma escola, no próximo ano.
E ainda nos chamam de exagerados, mentirosos e até encrenqueiros!

Bom, segue a terceira mensagem dessa mãe e, embaixo dela, os links para as duas primeiras, caso você não tenha acompanhado o assunto:

Ontem à tarde a Vice Diretora me ligou, dizendo que ocorreu uma briga entre o meu filho e um outro aluno. A briga foi fora da escola, eles descutiram e os pais do aluno foram na escola, pediram meu nome e endereço, ela deu todos os meus dados e ainda falou: agora eles sabem o teu endereço, o teu apto e o bloco, e disse: falei para eles ir fazer o boletim de ocorrencia. Eu fiquei pasma pensando em casa, ai liguei para ela e falei: se vc deu o meu endereço para uma pessoa que eu não conheço ir fazer BO, vc passe o deles para eu tbm ir na delegacia. Ela me passou os dados do menino tambem, fui até a delegacia, cheguei lá, o escrivao e o delegado me disseram: mãe, essa briga de muleque, todos passamos por isso, eu disse sim, concordo, só que a escola deu meu endereço a alguém, e me pressionou que esse alguem iria fazer boletim ocorrência, e disse que esse alguém agora sabe onde eu moro, tentando me pressionar, será que para eu tirar o meu filho de lá? O escrivão e o delegado verificaram no sistema e não constataram nenhum boletim feito pela outra parte. Eu fiz o BO, nao é justo a escola dar meus dados a alguém, e nem dar de alguém para mim. Liguei no Conselho Tutelar agora pela manhã para saber resposta quanto à vaga do meu filho. Eles ainda não tem resposta, e aí eu contei o ocorrido de ontem, eles falaram que se eu sentir ofendida devo arrumar um advogado e entrar com ação de danos morais contra a escola. Eu frizei: a ESCOLA DEU MEU NOME E ENDEREÇO A ALGUÉM QUE NÃO CONHEÇO, A BRIGA DOS MENINOS OCORREU NA RUA, LONGE DA ESCOLA. A vice diretora deveria chamar a gente para conversar, conversar com os meninos, tanto o meu como o outro, tentar fazer amizade entre eles, pois o menino vive xingando o Rafa, mostrando dedo do meio, isso irrita, então conversar seria o melhor caminho, chamar os pais para conversar. Mas como são um bando de patifes acham mais facil encaminhar todos para a delegacia. O que uma vice diretora dessa aprendeu? Como ela lidaria com situaçoes mais graves? Eu fico aqui pensando nessas perguntas sem resposta! Indignada com atitudes que não levam a nada! Simplesmente fui à delegacia pelo fato da vice diretora dar meus dados a alguém! Fui com o Rafa e com meu menino menor de 6 anos, fomos as 18:00, sai de lá 23.30, todos com fome. Estou indignada. Oh meu deus a corja age de um modo impressionate. Estou com o BO aqui. Bom não sei o que fazer, pensei em ir na delegacia da infância e juventude ou secretaria da educação. O que acha que devo fazer?

Esta nova mensagem foi encaminhada, como as duas primeiras, ao Prof. João Palma, Secretário Adjunto da SEE, e esperamos que finalmente sejam tomadas providências enérgicas para:

  1. Garantir a rematrícula do aluno, caso a mãe ainda queira que o filho fique na mesma escola e, caso contrário, garantir a matrícula em outra unidade escolar.
  2. Afastar toda essa diretoria incompetente e perversa, a fim de que outros alunos não sejam prejudicados.
Mais uma vez esclarecemos que não divulgamos o nome da escola para não complicar ainda mais a situação do aluno, nestes últimos dias letivos.

Leia as mensagens anteriores dessa mãe e responda se essa situação é normal:


Comentários

cremilda disse…
Aí, o João Palma resolveu o caso de Santa Bárbara Doeste.
As mães que naõ podem pagar seus filhos vão poder participar da cerimônia que é oferecida dentro da escola.
As tias sempre dão um jeitinho de arrecadar uma caixinha de natal....
Não pude informar se ninguém vai pagar, ou se apenas as mães que não podem pagar.
De qualquer maneira saber que todos vão participar fico satisfeita.
Giulia disse…
Como assim? Virou uma história do tipo Robon Hood? Ou seja, as mães que pagaram cinquentinha estão "convidando" as mães que não podem pagar? rsrs
cremilda disse…
Não !!!!
As mães tinham que pagar 50 para uma cerimônia que seria na escola mesmo.
Quem não pagasse não participaria da cerimônia.
A mãe não podia pagar, e tinha outras na mesma situação.
O Prof. João Palma ligou para a Diretoria de Ensino correspondente a escola de Santa Bárbara Doeste e a escola voltou atras.
Quem pagou parece que não teve a grana de volta, mas quem não pagou, participou da cerimônia.