Se o aluno fosse importante...


Desde 1997, o programa Papai Noel dos Correios recebe milhares de pedidos de crianças carentes. Para variar, um dos itens mais solicitados este ano foi o material escolar: cadernos, lápis, lápis de cor, livros etc.

Esta é mais uma confirmação de que o aluno não é importante para a escola. Se fosse, o "excedente" (???) das verbas da educação não seria gasto em bônus para professores que mais faltam na escola ou "dão" aulas de péssima qualidade. Haveria um programa sério de atendimento às necessidades dos alunos cujas famílias não podem adquirir o material básico para manterem os filhos matriculados.

Ao contrário, existe uma "técnica" infalível de marginalizar e excluir o aluno que às vezes aparece na escola de chinelos, sem cadernos ou livros. Basta que seus "educadores" comentem o fato com desprezo na própria classe do aluno, para que ele se sinta discriminado e eventualmente nem volte mais à escola. Há também um método mais sutil: em suas intermináveis lamúrias sobre os alunos durante as reuniões na sala dos professores (afinal, não é para isso que serve a sala dos professores? rsrs), alguém pode mencionar o caso do aluno sem chinelos ou cadernos, tachando-o de "folgado", de "filho de família desestruturada" ou outro "elogio" qualquer. Dentro do corpo "docente" da escola sempre tem alguém que entende a necessidade de "dar uma lição" ao aluno e à família e inicia uma intriga que acaba redundando na evasão da "laranja podre" que precisa ser eliminada, "para não contaminar as outras". Simples assim.
Isto, porque o aluno não é importante para a escola. Importante é a continuidade do império da corporação.

Se houvesse o real desejo de inclusão, nenhuma secretaria da educação deixaria seus alunos sem cadernos, sem sapatos e muito menos recusaria a matrícula daqueles que ainda não possuem documentos.

Sobre a gratuidade do material escolar, vejam a análise feita pela ong Ação Educativa:

No ensino fundamental, o direito ao material didático-escolar gratuito encontra seu fundamento legal explícito na Constituição Federal, em seu art. 208 VII, que preceitua como forma de efetivação do dever do Estado com a educação, a garantia de atendimento ao educando através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; o que é reafirmado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) - Lei nº 9.394/1996, art. 4º VIII, e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei n° 8.069/1990, art. 54 VII.
Fonte:
http://www.acaoeducativa.org.br/portal/opa/opa29.htm

Na reunião do dia 03/12 na Comissão de Educação da Assembléia Legislativa, a Secretária Maria Helena de Castro declarou que, diferentemente dos secretários anteriores, entende e se interessa pela questão das verbas. Gostaríamos então de saber - e vamos cobrar seu pronunciamento a respeito - como ela entende a falta de atendimento aos alunos carentes e, principalmente, o desvio de verbas da APM e da FDE por partes de diretores, supervisores e dirigentes corruptos, como é o caso de Araraquara e região.

Comentários

Anônimo disse…
Giulia
Sem olhar o seu texto, eu fíz um no mesmo tema.
Nenhum problema, que nossos estilos são muito diferentes.
Um entrou lá e pediu ao Papai Noel que acabasse conosco.Eu, você e o Néco.
O que ele não sabe é que é possivel nos matar, a coisa mais fácil que tem.Eu frequento os mesmos lugares e não fico olhando para os lados, na certeza de uma conciencia tranquila.-
Ele só não vai conseguir é matar o nosso sonho de uma escola laica e de qualidade para todos
Ele nunca vai conseguir matar o nosso sonho de uma escola sem corrupção, sem violencia contra pais e alunos e sem impunidade.
Um sonho não morre.
As vezes adormece, mas a acorda mais belo e forte que nunca.
Muita saude, para você
Saude e vida longa....
Anônimo disse…
Interessante o comentário da Sec. M. Helena, se ela entende e se interessa tanto pela questão das verbas, porque permitiu que fossem deletados sumariamente os links da FDE que mostravam todas as verbas disponíveis e os montantes enviados a cada APM de cada escola estadual de São Paulo? Impedindo assim a fiscalização dos pais, a Sec. M. Helena mostra que de fato nem entende e nem se interessa pela melhora do ensino em SP.