Impunidade


Nenhuma outra "categoria", no Brasil, goza mais de impunidade do que o professor. Até os políticos, considerados o exemplo da impunidade, de vez em quando vêem o sol nascer quadrado ou perdem seus cargos. Professor não: pode deitar e rolar à vontade. Leiam com muita atenção esta matéria publicada hoje no jornal Estado de Minas, que recebemos da professora Glória e entendam todo o absurdo da situação. Professor não apenas fica impune, ele é "imexível" e nunca perde a pose.
Isso é pra quem pode!
Aluno detido é inocentado
O estudante da Escola Estadual Alysson Pereira Guimarães, na Região Noroeste de Belo Horizonte, F.A.V., de 15 anos, tenta recuperar o equilíbrio com acompanhamento psicológico, medida protetiva concedida pelo Juizado da Infância e da Juventude da capital, em razão de danos emocionais sofridos. Depois de sair algemado da instituição e ficar 12 dias detido no Centro de Internação Provisória (Ceip) São Benedito, acusado de agredir a professora Norma Seixas, de 45, o garoto foi considerado inocente e o processo foi extinto, mas as feridas do acautelamento ainda vão demorar a cicatrizar. “Ele acorda no meio da noite em pânico, achando que ainda está no Ceip. Está muito traumatizado e arredio. Ainda não sabemos as reais dimensões dos danos causados por todas as injustiças que sofreu”, afirma um familiar que preferiu não se identificar. A juíza da Vara Criminal Valéria Rodrigues determinou a liberação do menino e o benefício de apoio profissional. A sentença foi baseada no relatório elaborado pela equipe técnica do juizado. Conforme a apuração dos técnicos, a professora perseguia o aluno há mais tempo. A causa da represália seria a intenção de a professora assumir a direção da escola, com outros educadores contrários à administração atual. “O conflito, de acordo com os relatos, era anterior e por questões políticas. Nos depoimentos, foi relatado que o jovem não apoiava o grupo do qual a professora faz parte”, afirma a juíza. Ela acrescenta que, nos autos preliminares, ficou constatado que F., na verdade, reagiu a uma agressão de Norma. A informação é comprovada por professores que estavam na biblioteca em 24 de maio, participando de uma reunião, quando a briga ocorreu. “O aluno entrou na sala indignado e a professora veio atrás, com o dedo em riste, acusando-o de uma série de condutas impróprias. Tentamos acalmá-los e, quando ele já estava saindo, ela pegou uma carteira e bateu com força no chão, voltando a agredi-lo verbalmente. Alguns colegas tiveram que segurá-la”, recorda um participante que também não quis se identificar. De acordo com o processo, nesse momento, o aluno teria empurrado a carteira na direção da professora. “Recebemos denúncias de que essa educadora também responde a alguns processos administrativos junto à Secretaria de Estado da Educação”, acrescenta a juíza. Norma Seixas afirma que ainda não teve informações sobre a decisão judicial e mantém as acusações contra F. “Ele não pode voltar para a escola. Se retornar, eu saio”, diz. (IFA)

Comentários

Anônimo disse…
Giulia, você se esqueceu do final absurdo, quando a professora, mesmo diante da sentença, diz gloriosa: "se ele retornar, eu saio." Que bom se o menino retornar e ela cumprir a ameaça, não é? Tomara, o serviço fica completo. Veja que horror, fazer um adolescente ficar internado numa "febem mineira"... Como são cruéis, meu Deus!!!
Giulia disse…
Glória, acredite que as Febens paulistanas são iguais ou até piores. Lá vi garotos com as roupas todas rasgadas, alguns com a escova de dentes dependurada no pesçoço (os demais evidentemente nem escovam os dentes...), eles tomam banho frio sem toalha (as marcas deixadas pelas torturas são amenizadas justamente pelo banho frio e as toalhas são "artigos de luxo" nas Febens), vi colchões atirados no chão dos banheiros para abrigar os "excedentes" etc. etc. etc. Isso não mudou desde Mário Covas...
Quanto à história "ou ele ou eu", é exatamente o que aconteceu na escola estadual de São João da Boa Vista: a diretora declarou que se a aluna expulsa fosse reintegrada ela sairia da escola. Essa diretora havia convocado o Conselho de Escola para expulsar a aluna, sem qualquer prova do "crime" que essa teria cometido, e quando teve que engolir o sapo (pois a SEE determinou a reintegração da aluna), também veio com essa: "ou ela ou eu". Tomara que ela vá mesmo! Bom para os alunos daquela escola, que não merecem uma bruxa dessas.
Mas o correto seria mesmo exonerar essa diretora, o que dificilmente vai acontecer, pois a SEE acende uma vela "a Deus" e outra "ao diabo", ou seja: não é maluca de permitir a expulsão de um aluno - SE HOUVER ALGUÉM DE OLHO - mas fecha os dois olhos para a prática diária e absurda de expulsão dos alunos via Conselho de Escola, que acontece praticamente em todos os municípios do Estado, na maior impunidade. Trocando em miúdos: quando alguém chia, ela é obrigada a reintegrar o aluno, pois, se os pais entrarem com processo ela perde com certeza; se ninguém reclamar, o aluno vai pra rua sem pena e sem dó...
Se a SEE não fosse conivente em essa prática ilegal, o que aconteceria? Esses diretores seriam exonerados, os Conselhos de Escola seriam fiscalizados e, principalmente, SERIA INFORMADO EM ALTO E BOM TOM A TODAS AS ESCOLAS DO ESTADO que a prática de expulsão de alunos é ilegal, além de BURRA, pois o aluno expulso da escola poderá ser recrutado pela marginalidade, sempre de olho.
Mas essas dondocas das secretarias de ensino não estão minimamente preocupadas com a juventude brasileira, elas só pensam em "realizar-se profissionalmente", ou seja, mostrar QUEM É QUE MANDA NAS ESCOLAS E NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...
Leandro disse…
Acho lamentável um professor chegar ao ponto de ameaçar com um "ou eu ou ele". Quem coloca as coisas nesses termos deve mesmo sair. Os tempos são outros, mas há muitos colegas que ainda insistem nas velhas fórmulas caducas...
Sou da opinião de que deveria haver exoneração por má conduta de qualquer servidor público.
Anônimo disse…
Cuidado, nem sempre o que a imprensa noticia é verdade. A verdadeira história é outra. Conheci esta professora, sei da preocupação dela com a educação e com os valores como respeito e honestidade.Vcs são professores? Vivem dia-a-dia sob ameaças de menores que se acham impunes? O ferido não foi ele, foi ela. E se fosse o contrário? Se ele tivesse batido apenas uma mesa e ela tivesse jogado a cadeira na cabeça dele...ela seria inocentada como ele foi?Claro que não...pq ela não é de menor, não pode se sentir ameaçada, não pode se sentir humilhada, não pode se sentir injustiçada, vitimada...só ele pode. Por isso o Brasil está cheio de bandidinhos, pq eles podem fazer o que quiser que quem acaba sendo culpado é o aduldo, que ele ameaçou, humilhou e feriu. Só quem está na educação sabe como estão sem limites os alunos...limites que devem ser solidificados em casa. Portanto, não julguem porque leram uma notícia como essa.
Leandro disse…
Eu sou professor
Giulia disse…
"Anônimo", vou responder somente porque você foi educado. Mas você sofre de um dos maiores problemas da maioria da população brasileira: o problema da "amizade". Você "conhece" a pessoa e acaba não se preocupando em checar o mérito da questão. Trata-se aí de um PROCESSO concluído, com relatórios técnicos elaborados com rigor, pois, se não fosse, o juiz teria dado razão à professora, como sempre acontece! Você reflete a opinião da maioria das pessoas, que já consideram o jovem como um marginal em potencial. É um discurso que já vem pronto: a falta de limites, a educação que vem de casa, a laranja podre que contamina as outras, etc. etc. etc. Por favor, leia a matéria e não seja tão corporativista. Ou você acha que todo professor é um santo em potencial?...
Zé Costa disse…
Eu não conheço a professora agressora e agredida, logo não sofro do problema da amizade, e como professor de Ensino Médio, vou dar meu pitaco.

O blog que trata do tema educação, não é a primeira vez, vem desconstruindo a figura do professor. Lembro de ter lido aqui que o professor seria preguiçoso quando não apoiava a tal progressão continuada. Agora, ele é inimputável, mesmo cometendo crimes.

Se a história relatada é verdadeira ou falsa, não sei, o que sei é que na contabilidade das agressões, nós, professores, somos muito mais agredidos que os alunos. Somos impedidos de constranger, o que está certo, mas nada acontece ao aluno que nos constrange. Acredite, Giullia, existem sim, professores picaretas - os de esquerda, por exemplo, são a maioria - mas há muita gente séria, decente e competente que se sente intimidada e desrespeitada por esses inocentes alunos.
Giulia disse…
Olá, CostaJr. Não sei o que você entende por "figura do professor". Só sei que muitos professores participam do EducaFórum, como a Glória Reis, de MG, a Marta Bellini, do PR, a Fátima Magnata de PB e a Madalena Alves aqui de Sampa. E nenhum deles sentiu sua figura ser desrespeitada aqui. Quem costuma discordar de nós são "anônimos", ou seja, vozes sem rosto e sem coragem de se expor. Leia com atenção o que escrevemos aqui e verá que não generalizamos. Espero que continue conosco dando contribuições concretas e acompanhadas de exemplo. Um abraço!