A situação se agravou!


Se você não acredita no ditado "nada é tão ruim que não possa ficar pior", leia o novo documento que estamos enviando hoje para as autoridades responsáveis pelo programa ProJovem. Além de os alunos terem o seu direito violado de completar o Ensino Fundamental com qualidade, estão sofrendo ameaças e represálias da CORPORAÇÃO, que manda, desmanda e abusa na educação deste pobre País. Todas as entidades em defesa da Escola Pública de São Paulo estão enviando um documento à Comissão Nacional de Direitos Humanos e ao Ministério da Justiça, relatando esses abusos.

E d u c a F ó r u m
Pais, alunos, educadores e cidadãos que lutam pela escola pública e pela cidadania

São Paulo, 18 de janeiro de 2007

Secretaria Geral da
Presidência da República
At. Sra. Maria José Vieira Feres
Coordenadora do programa
ProJovem

Cópia para o
Sr. Fernando Haddad
Ministro da Educação

Ref.: Nosso documento de 14/01 /

Agravamento dos problemas na implantação do programa ProJovem em São Paulo

Prezadas Autoridades,

Em aditamento ao nosso documento acima, informamos que a situação na EMEF Prefeito Adhemar de Barros, Campo Limpo, onde está sendo desenvolvido o ProJovem, se agravou bastante. Em 16/01, dois dias após o envio do nosso documento, os alunos receberam uma intimidação da professora Silvia, de História, como represália pelas reivindicações feitas. A professora afirmou que as denúncias eram mentirosas e ameaçou os alunos de contatar um seu amigo Procurador da República para que punisse os "culpados". Alguns alunos começaram a brigar entre si, pois a professora havia declarado que o curso poderia ser suspenso devido às denúncias. Procuramos tranqüilizar os alunos, pois pensávamos que a intimidação da professora pararia por aí.


Ontem à noite, porém, após a aula, os alunos ligaram dizendo que uma das colegas apresentou um abaixo-assinado desmentindo todas as denúncias publicadas no blog e pediu para todos assinarem. O abaixo assinado dizia também que os autores das denúncias “mentirosas” seriam investigados e os "culpados" devidamente punidos. Os alunos acharam que a colega não poderia ser a autora do texto, muito bem redigido, pois seu nível de alfabetização não permitiria. Entretanto não tiveram coragem de discutir, pois havia professores presentes e se sentiram ameaçados. TODOS os alunos assinaram o documento, por acharem que se não o fizessem seria uma "confissão de culpa". O clima dentro da escola era de terror e alguns alunos foram apontados com o dedo como sendo os denunciantes. Depois de assinarem o documento, alguns disseram que não voltariam mais às aulas e outros nos procuraram dizendo que haviam sido ameaçados em sua integridade física por colegas que estavam com medo que o curso fosse extinto, conforme ameaça da professora.

Prezadas Autoridades, esperamos ter expressado a gravidade da situação e mais uma vez solicitamos sua intervenção imediata para apurar as responsabilidades pelo sucateamento do curso e pelas represálias sofridas pelos alunos.

Todas as entidades em defesa da escola pública de São Paulo estão também enviando documento à Comissão Nacional de Direitos Humanos e ao Ministério da Justiça, informando sobre os abusos dos profissionais da educação que estão ameaçando e perseguindo seus próprios alunos, já bastante penalizados pelas graves falhas do curso.

No aguardo de suas providências imediatas, somos

Atenciosamente

EducaFórum

http://educaforum.blogspot.com
educaforum@hotmail.com

Giulia Pierro Vera Vaz


Comentários

Anônimo disse…
Amigas guerreiras, tem dias que acordo tão desanimada que venho direto aqui me energizar com o ânimo de vocês...com a esperança de vocês, porque a minha está indo por água abaixo. A escola é mais intransponível do que a bastilha da revolução francesa; eles conseguiram derrubar a bastilha; atualmente a gente não consegue mexer um tijolo feito de corporativismo, indiferença e crueldade com o ser humano. Os jornais têm vindo recheados de artigos sobre o Fundeb, todos só falam no "dinheiro", mais nada. Esses dias enviei uma denúncia à ouvidoria do governo de Minas comunicando a exigência de "papel" nas matrículas, fazendo com que muitos desistam já na porta da escola, eles responderam uma mensagem padrão "me mandando" para outro departamento que eu já fui... Enquanto isso, deparo com "meus meninos" na rua esmolando e iniciando nos furtos, alguns já crescidos encontro na cadeia, as meninas já no caminho do sexo (têm as novelas da Globo como escola), algumas já grávidas...
Giulia disse…
Sim, Glória, estamos indo a passos de lesma, mas estamos indo... O pior é que somos vistos como encrenqueiros. Acabei de receber um e-mail de uma professora insinuando que estamos instituindo uma espécie de "ditadura" (ela colocou essa palavra), em que publicamos fatos não comprovados etc. e tal. Que horror! Uma professora como essa só pode ser analfabeta funcional...
Anônimo disse…
Esta é a grande segurança delas: fatos não comprovados. Não se lembra da denúncia que fiz da professora que tampa objeto nas crianças? O aluno contou e sustentou, a mãe denunciou (inclusive que o outro filho chegou com um galo na cabeça que ela lhe jogou o apagador), eu encaminhei a denúncia e, depois disso tudo, a secretária declarou DENUNCIA IMPROCEDENTE. O menino, pobre e negro, tinha 9 anos, foi ano passado. Até se filmar, elas dirão que é montagem...A escola é apenas a realidade de um país que ainda trata seus pobres e negros como párias. Às vezes penso que não é a escola que tem de mudar, é a sociedade. A escola é apenas o espelho da nossa mentalidade ainda escravocrata.