Que blog chato!


Este é um blog chato! Não somos nós que afirmamos isto, hehe. Mas concordamos com alguns leitores que procuram diversão, agito, variedades. Esses já podem assistir ao BBB, ou promover o BBE, como sugeriu nosso amigo Mauro. Mas esse seria ainda mais chato, hehe.

Para não perdermos o hábito da chatice, lá vai nossa resposta ao relatório recebido da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo sobre o aluno do Campo Limpo que havia ficado sem rematrícula. Não queremos entrar em polêmicas com a Secretaria, pois nosso objetivo é manter as portas abertas para ajudar os demais pais e alunos que nos procuram, portanto damos como encerrado este caso específico, mantendo porém nossos questionamentos com respeito ao assunto “tabu” expulsão de alunos.

À
Secretaria de Estado da Educação
Cópias para a GOGSP e DE Sul 1

Agradecemos o excelente tratamento dado à mãe do aluno Lucas, Sra. Genilda, em sua segunda visita à DE Sul 1.

Independentemente da solução dada à questão da rematrícula do aluno (assunto resolvido!), gostaríamos de tecer alguns comentários a respeito da sua resposta:

Não imaginávamos que os argumentos utilizados para justificar a omissão e a ilegalidade dos procedimentos tomados pela direção da escola seriam diferentes. Sabíamos que a resposta viria exatamente assim: "Em nenhum momento foi falado sobre expulsão, e sim chamaram a mãe para juntos chegarem a uma solução do que seria melhor para o aluno melhorar na sua vida escolar." A forma como o aluno foi descrito também corresponde às nossas expectativas: uma verdadeira "laranja podre". Essa expressão, aliás, é do próprio aluno, que nos relatou pessoalmente a forma como tem sido tratado na escola, pela diretora e por professores da unidade. O aluno não tem acesso à Internet, portanto, não inventou a expressão nem poderia saber que ela é a mais utilizada na rede pública de ensino em todo o Brasil, para discriminar e perseguir os alunos que "dão trabalho".

Mas este caso em particular já está resolvido: o aluno já entendeu que não deve reagir aos gritos e provocações de quem quer que seja. Esperamos que consiga, pois a adolescência é uma idade difícil em que o ser humano ainda não aprendeu a "engolir sapos" e, em alguns casos, a rebeldia continua vida afora. Deixamos claro ao aluno que só continuaremos a apoiá-lo desde que ele esteja com a razão, ou seja, se vier a ser ofendido antes de reagir e tiver feito algum esforço para segurar a indignação, informando-nos depois o ocorrido.

O que nos preocupa é a questão que estamos cansados de denunciar à Ouvidoria, à Secretaria de Educação, à COGSP e às diversas Diretorias de Ensino: o hábito ilegal e disseminado na rede pública de expulsão de alunos via Conselho de Escola ou através da negação de rematrícula, verdadeiro assunto "tabu". Não adianta argumentar que se trata de "transferência para o bem do próprio aluno", pois a instalação de um tribunal de exceção dentro da escola ou a negação da rematrícula são práticas absolutamente ilegais. Será coincidência que dois alunos vizinhos, mesmo estudando em duas escolas que pertencem a Diretorias de Ensino diferentes, foram vítimas da mesma prática no final do ano passado?...

Ainda ficamos no aguardo de um claro posicionamento da SEE repudiando essas práticas ilegais. Entendemos que essa manifestação precisa ser dada na página principal do site da Secretaria.

Outra reivindicação antiga é que o site da Secretaria divulgue, de forma ampla e clara, as normas para a constituição democrática dos Conselhos de Escola, publicando uma única data para a eleição e promovendo uma verdadeira "campanha eleitoral" com a devida antecedência. Entendemos que a eleição precisa ser divulgada amplamente, não apenas no site da SEE, mas através da mídia, dando a devida importância a esse assunto vital para a efetiva melhoria da educação no Estado: a Gestão Participativa na escola. Vejam nosso artigo Gestão Participativa: a exclusão da comunidade, publicado no livro Educação 2007, da Editora Humana e em nosso blog
http://educaforum.blogspot.com no link "EducaFórum - os textos".

Comentários

Anônimo disse…
Pois é Giulia. Você acompanha meu blog e sabe que bato repetidamente "na coisa" educação. Um dos problemas é exatamente essa postura que vc descreve. "Não vai dar em nada, para que trabalhar como moleque?" Não é isso?

Sem educação básica ( DE TODOS ), esse nosso bananal vai afundar.
Santa disse…
Giulia, não sei sua opinião (que deve ser mais abalizada do que a minha) eu penso que além da falta criminosa de políticas públicas para educação, as sucessivas mudanças de diretrizes , leis, etc., as chamadas reformas de pacotilha no ensino, colaboraram ainda mais para piorar a educação, tanto no setor público quanto no privado. Os problemas que vive a educação no Brasil hoje é de toda ordem; em todos os níveis, sem luz no fim do túnel.

Bjs
Giulia disse…
É isso mesmo, David e Santa: no Brasil a educação é uma “coisa” tratada à base de masturbação de papel e troca de nomes. Há pelo menos 15 anos, aqui em Sampa os órgãos de supervisão das escolas mudam de nome a cada governo. Dependendo da “filosofia educacional” (!?) podem se chamar delegacias, diretorias, núcleos de ação educativa ou qualquer outra coisa. Mudar! Para ficar tudo como está...
Para encontrar uma luz no fim do túnel, bastaria observar a constituição e seu princípio de igualdade. Mas neste País o que impera é a “lei dos privilégios”, em todos os níveis. Sabem qual é atualmente a maior polêmica educacional na Inglaterra? A ex-ministra da educação Ruth Kelly (mesmo sendo ex!) está sendo duramente criticada por ter matriculado sua filha disléxica numa escola particular especializada. Por dois motivos: porque lá se exige que os políticos dêem o exemplo e porque a inclusão dos alunos especiais faz parte da política educacional. Aqui estive num seminário para a “melhoria da educação”, ouvi um monte de blá-blá-blá e perguntei se no plenário alguém dos educadores e especialistas presentes tinha filho na rede pública. Silêncio mortal. Daí UMA ÚNICA professora levantou a mão, quase envergonhada. Quem cria a política educacional nestepaiz tem seus filhos na rede particular. Diga-se de passagem que o Brasil está cheio de escolas particulares meia-boca. O maior escândalo, que ninguém investiga, é a existência de milhares de pré-escolas não apenas incompetentes mas principalmente ilegais. Aqui em Sampa estima-se ter umas 800.
Em vez de introduzir filosofia e sociologia nas escolas (mais um cabidão de empregos...), precisaria fazer um estudo sociológico deste apartheid criado já na infância. Quem se habilita?...