Onde estuda o filho do professor?

Veja essa que saiu no Estadão em 31 de janeiro: uma pesquisa realizada pela FGV a pedido da Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP) mostra que a grande maioria dos professores que atuam na rede pública já têm nível superior, como a lei exige. No ensino médio, em todo o País, os professores da rede pública formados na universidade são 89,8%, enquanto os professores da rede particular são 91,3%. No Estado de São Paulo, há mais professores da rede pública com nível superior do que na rede privada! A proporção é de 97% para 94,4%, respectivamente. A formação na universidade não garante a qualidade do ensino do professor, mas com base nesta notícia seria interessante que o Inep fizesse uma pesquisa oficial para constatar outros pontos em comum ou em desacordo entre a rede pública e a particular. Afinal, é o mesmo professor que dá aula nas duas redes? Onde estudam os filhos desse professor? O que já sabemos é que na escola pública ele pode faltar à vontade e na particular não, senão é despedido e perde a bolsa para seus próprios filhos. Se considerarmos que a média de aulas vagas na rede pública varia de 20 a 30% (outra pesquisa que o INEP está devendo para a sociedade), como será a preparação da aula desse professor? Para a escola particular, ele precisa manter o cronograma elaborado no início do ano, senão perde o emprego. Mas e na escola pública? Como é que ele vai conseguir cumprir o programa, se deixa de dar tantas aulas? E qual a motivação do aluno que chega a ter aula-sim, aula-não? Enfim, a gente gostaria de definir o que pode ser mudado para melhorar a rede pública. Um ponto pacífico é que TODAS AS AULAS sejam dadas. Mas isso não garante a qualidade. Será que uma solução não é mesmo que os filhos do professor estudem na rede pública?... Vamos discutir isto?

Comentários

Anônimo disse…
Constantemente, escrevo para os jornais denunciando irregularidades e crimes das escolas, mas eles não têm o mínimo interesse em publicar. Esta enviei para o Globo sábado, após ler a coluna do Cristóvam Buarque "Volta às aulas". E como sempre não publicaram:

Ao ler a coluna "Volta às aulas" do Cristóvam Buarque no O Globo de 04/02, dá para entender por que ele foi afastado do Ministério da Educação. Ele é bem intencionado, mas não se aprofunda no tema, não apresenta nada novo e seu texto é simplório como os demais sobre a educação na imprensa. Falar em "professores mal remunerados" virou cacoete neste país e se tornou justificativa eterna para o nosso caos educacional.
Será que o ex-ministro ainda não sabe que um mesmo professor com um cargo na escola particular e outro na pública, onde conta com muito mais benesses, sai-se bem na particular e geralmente é péssimo na escola pública? Por quê? Na escola particular é um trabalhador como outro qualquer, do qual se exige resultados e qualidade, sob pena de ser dispensado, e na pública, ele pode fazer o que quiser: faltar, tirar infindas licenças, enrolar nas aulas, ser incompetente, tratar mal seus alunos e nada impedirá que tenha sua cadeira cativa no serviço público para todo o sempre.
Essa discrepância, nenhum político tem coragem de tocar porque bate no velho medo neste país de mexer com classes privilegiadas. Enquanto isso, ficam todos feito papagaios repetindo a mesma lenga-lenga: professores mal remunerados e desmotivados. Que os professores brasileiros fossem, como em outros países, avaliados por seus méritos e resultados, e veriam que num passe de mágica eles se tornariam altamente motivados. Porque, senão, perderiam o emprego.
Anônimo disse…
Para os que ainda não souberem, a Glória é professora aposentada, portanto seu depoimento é duplamente importante: não apenas como cidadã e mãe, mas principalmente como profissional do ensino. É praticamente a única voz no Brasil a fazer críticas à classe docente por dentro do sistema. Glória é também autora do livro "Escola: instituição da tortura", que toda a sociedade brasileira deveria ler. Além disto, ela é editora do jornal "Recomeço", uma publicação de e para os presos da cadeia de Leopoldina, MG. Visite sempre o blog da Glória, "Leopoldina como ela é" e participe das discussões sempre instigantes sobre educação e exclusão social.